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Semaglutida, Berberina e GLP-1: o que tem em comum?

Publicado em 25 março de 2024.

Você certamente já ouviu falar da semaglutida, não é mesmo? Ou talvez a conheça por Ozempic, que é o nome comercial do medicamento de referência que contém esse princípio ativo. Injetada através de um dispositivo no estilo de caneta para facilitar a autoadministração, a semaglutida virou uma febre no país devido aos seus efeitos sobre a perda de peso – que podem ser expressivamente maiores do que as alternativas disponíveis anteriormente.

Recentemente, um nutracêutico chamado Berberina vêm ganhando muito destaque nas redes sociais, sendo proposto como um substituto natural para a semaglutida. Entretanto, muitas vezes esse tipo de divulgação é feita por pessoas que não tem grande conhecimento técnico sobre o assunto, e vem acompanhada de desinformação.

Um dos nossos compromissos na Active Caldic é trazer informação de confiança e qualidade. Por isso, hoje vamos esclarecer o que são de fato essas substâncias, como atuam no organismo e de que forma elas podem trazer benefícios à saúde quando utilizadas de forma adequada.

 

Quem é quem?

A semaglutida é o princípio ativo do famoso Ozempic. Trata-se de um fármaco sintético da classe dos agonistas de GLP-1. Isso quer dizer que ele age imitando o hormônio GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon), que é liberado pelo intestino em resposta à ingestão alimentar. Dentre as funções do GLP-1 estão o estímulo à liberação de insulina pelo pâncreas (que reduz os níveis de glicose no sangue), o retardo do esvaziamento do estômago (que contribui para uma absorção mais lenta de glicose) e o aumento da sensação de saciedade. 1,2

No entanto, o nosso GLP-1 endógeno tem ação bastante rápida, permanecendo cerca de um minuto e meio na circulação sanguínea, enquanto os agonistas sintéticos conseguem permanecer por mais tempo, o que prolonga seus efeitos mediados pela ativação dos receptores de GLP-1 (GLP-1R). Dessa forma, a semaglutida reduz a glicemia e prolonga a sensação de saciedade, sendo utilizada no tratamento da diabetes tipo 2. No entanto, os estudos demonstraram que ela também desencadeia uma redução significativa do peso corporal como efeito secundário, o que levou ao reposicionamento desse medicamento para o tratamento da obesidade. 2

Já a berberina é um alcaloide natural, encontrado em plantas originárias da Ásia e que são muito utilizadas na Medicina Tradicional Chinesa e Ayurvédica, como Berberis vulgaris e Berberis aristata. Dentre os principais efeitos biológicos da berberina destaca-se a ativação da proteína cinase ativada por AMP (AMPK). Essa via regula o metabolismo de diversas formas, dentre elas: melhora a captação de glicose pelo músculo, potencializa a ação da insulina, aumento da lipólise e da oxidação de ácidos graxos e participa na ação de hormônios que regulam o apetite (incluindo, mas não sendo restrita ao GLP-1). Se quiser aprofundar a leitura sobre a via da AMPK, confira essa publicação que está bem completa. 3,4


Os mecanismos de ação em comum entre a Berberina e a Semaglutida. Adaptado de Shutterstock.com, 2024.

Dessa forma, a suplementação com berberina também contribui no tratamento da diabetes e auxilia no gerenciamento do peso corporal. Possivelmente este é o motivo dela ter ganhado a fama de “ozempic natural”, já que o mecanismo de ação dos dois é bastante diverso.

Além disso, a magnitude do efeito dos dois também não é tão próxima assim, os ensaios clínicos da semaglutida revelaram efeitos bastante expressivos, com perda média de 12,3 kg em 6 semanas de tratamento injetável semanal. No entanto, o ensaio clínico detalha que 87,3% dos indivíduos tiveram perda de mais de 5% do peso corporal; 54,9% teve perda de 10% ou mais; 23,5% perdeu 15% ou mais e 7,8% perdeu mais de 20% do peso corporal. Apesar de ter um bom perfil de segurança, a semaglutida pode desencadear efeitos adversos importantes, principalmente relacionados a distúrbios gastrointestinais. Assim, a semaglutida é uma ferramenta importante no tratamento da obesidade, mas deve ter um acompanhamento médico para identificação de efeitos adversos potencialmente perigosos para a saúde do paciente e, quando necessário, uso de outras estratégias terapêuticas para redução de danos ou interrupção do tratamento. 5

Já a berberina, como já esperado de um composto natural de matéria-prima vegetal, tem efeitos mais brandos com menos efeitos adversos. A título de comparação, uma metanálise que avaliou 12 estudos clínicos, concluiu que a suplementação oral diária com berberina por 3 meses foi capaz de promover a redução de peso em média de 2,07 Kg, no entanto não houve cálculo da porcentagem relativa, o que dificulta a comparação. Já o perfil de segurança também não revelou tantos efeitos adversos importantes, mas os principais relatados foram relacionados a desconfortos gastrointestinais. 6

A semaglutida e a berberina são duas substâncias que podem auxiliar na melhora do metabolismo glicêmico e no gerenciamento do peso corporal. Adaptado de Shutterstock.com, 2024.

 

Qual dos dois é melhor?

Essa é uma daquelas perguntas clássicas em saúde cuja resposta é: depende! Na verdade, até o momento, nenhuma pesquisa comparou a semaglutida com a berberina no mesmo contexto clínico. Dito isso, vamos colocar aqui alguns pontos que podem embasar a escolha de um ou de outro dependendo da gravidade do quadro, de outras condições clínicas coexistentes, entre outros fatores que serão avaliados.

A semaglutida é um fármaco bastante potente utilizada no tratamento da obesidade e da diabetes tipo 2, mas que deve ter um acompanhamento médico próximo. Apesar de ser mais invasiva do que alternativas de uso oral, sua administração injetável semanal pode ser conveniente para pacientes que não se adaptam bem a administrações diárias. No entanto, os custos elevados e a possibilidade de efeitos adversos, como fortes náuseas e diarreia, podem ser considerações importantes na escolha do tratamento.

Por outro lado, a berberina é um composto natural com potenciais benefícios no controle glicêmico, melhora da sensibilidade à insulina em pacientes com diabetes tipo 2, com efeitos sobre a redução de peso. Embora geralmente bem tolerada, a magnitude do efeito que ela promove tende a ser menor, e sua eficácia pode ser variável – uma vez que existem diferentes padronizações no mercado. seu custo é muito menor do que a semaglutida e sua administração pela via oral é preferida por grande parte dos indivíduos. Além disso, a berberina pode ser indicada por diferentes profissionais da área da saúde.

Além disso, reforçamos aqui a importância de uma avaliação clínica adequada por um profissional de saúde habilitado. Tanto a semaglutida quanto a berberina podem ser estratégias terapêuticas bastante valiosas, mas somente um profissional de confiança pode analisar cada caso em específico para definir a opção mais assertiva.

 

   
 

As informações fornecidas neste blog destinam-se ao conhecimento geral e não devem ser um substituto para a orientação de um profissional médico ou tratamento de condições médicas específicas. As informações aqui apresentadas não têm o objetivo de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença.

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